O MONÓLOGO DA FILHA
Isaac Nicolau Salum
Ah! se mamãe soubesse
como eu
quase não posso deter o meu coração, quando a criançada em festa, no segundo
domingo de maio, atira flores nas suas mamãezinhas!... Se ela visse, no meu
sorriso interior, o meu afeto, o meu carinho, o meu amor... Se ela soubesse,
como, no meu quarto, — quando eu me deito, e quando à noite acordo, e ao me
levantar da cama — lembro o seu nome a Deus e lhe agradeço a mãe que ele me deu
tão carinhosa e boa... Se ela soubesse disso tudo, ela haveria de ficar alegre
e chorar até... de alegria! Ela haveria de ficar contente por descobrir que sua
filha é crente, por descobrir que sua filha a ama, por saber que por ela a
filha ora... Mas, não! Eu não lhe digo nada agora, nem noutro tempo hei de
contar-lhe, não! Mas hei de amá-la sempre, orar por ela sempre, olhá-la
sorridente, viver pensando nela, ser sempre obediente, ser sempre carinhosa...
E tudo, tudo ela há de descobrir sozinha! E ela há de agradecer a Deus sozinha,
o amor, a obediência e as orações da filha!
E eu hei de ter esse gostinho de
saber que, escondida e ajoelhada, ela ergue o olhar aos céus e ora assim a
Deus: "Ó Deus, eu te agradeço a filha boazinha, tão crente e carinhosa,
feliz e obediente que tu me deste.
Faze-a sempre feliz e sorridente,
tão bela e delicada como a
rosa!" Também ela há de ter o seu gostinho de imaginar quão cheia de
carinho eu oro no meu quarto com fervor:
"Ó Deus, eu te agradeço a boa
mamãezinha,
a mamãezinha crente e carinhosa
que tu me deste.
Faze-a Senhor, feliz,
faze o papai feliz,
e cada irmão feliz,
e o nosso lar feliz,
cheio de paz, de amor,
como o teu céu, Senhor,
como o teu céu, Senhor!..."
Fonte: Florilégio Cristão.
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